Libertas Omnia Vinces






Hoje eu vou perturbar vossas almas com um poeminha de boteco que fiz no auge dos meus anos estranhos, este poema chama-se Libertas Omnia Vinces, significa A Liberdade Vence Tudo. Então, sem mais, lá vai:


"Quem sou? Não sei. Talvez eu seja uma


sombra na imensidão do universo, sim,


uma sombra desoladora, um vórtice, um erro


na matemática infinita que calcula o bem e o mal.


Eu sou a desolação, o homem que caminha solitário


pelas terras noturnas. Sou a perda e o reencontro formidável das crianças.


Talvez, em sua imensidão Deus tenha me criado a partir


do canto das baleias e dos leviatãs, num belo dia, ou


em uma bela manhã em que ele caminhava pelos campos


de trigo, sua voz, a canção dos impérios de todos os tempos.


De sua música talvez eu tenha nascido.


Talvez tenha sido a noite, em uma madrugada, fria e chuvosa


eu tenha nascido, filho da noite e do vento.


Assim talvez Deus tenha me criado. Não sei, o que sei é que


algum dia para o bem ou para o mal eu vim. Em meus delírios


febris imagino castelos infinitos, ventos avassaladores que tragam


as cidades e reinam nas serras.


Talvez este seja eu.


Das pedras ásperas, da solidão infinita, do coração apertado e insurgente


eu vim. E de que importa de onde eu vim?


Eu caminhei pelos sertões, pelas grutas e pelas serras. Eu nasci no coração


do homem resistente, do escravo, do louco, do derrotado, do insurgente.


Arrastando minha espuma sobre o mar. Agitando os corações dos poetas,


dos estivadores, dos boêmios, dos ébrios noturnos, agitando como uma onda, como


um embalo que acalenta o sonho dos condenados e dos aflitos, uma onda que move


os esperançosos e os noturnos, a fumaça e o espelho encantado do mágico.


Sou a bruma, o frio da manhã, o abraço da pessoa amada sob o cobertor, sou


a alvorada, sou a ave, o corvo, a aurora poética e o álcool sombrio.


Eu talvez tenha nascido nos tempos imemoriais, eu talvez nem mesmo exista


quem sabe? Será que você me diria que eu existo? Será que eu sou imenso demais


para seu coração compreender? Será que eu causo pânico em seu coração quando alguém


no meio da noite, nos cárceres infernais, nos prostíbulos solitários e amargos, nas igrejas ou


nas casas falam meu nome?


Quem sabe você me tema, um temor que se tem de algo poderoso, um temor


que só quem me mata pelas sarjetas pode ter de mim, um terror paradoxal.


E assim é, mas talvez eu jamais deixe de caminhar por aqui. E assim, quando o último


homem atolado pela maldade morrer, eu morrerei com ele em seu coração, e caminharei com ele pelos campos sem fim, nos vales infinitos e nas noites imperiais.


Eu o levarei ao seu Pai, e a sua família. Em seu colo ele levará seu filho e beijará


sua esposa, o sol iluminará seu rosto e eu o seguirei para sempre. De onde vim? Não importa,


só sei quem eu sou.


Muito prazer! Sou Liberdade."





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