Como surgiu o Cérebro Voltaiko
São Paulo - final dos anos 80.
Então vai ser assim? Sem chance nenhuma de reclamação - Pensou ele.
O bar estava lotado, ao fundo Pat Benatar cantava Outlaw Blues. Dois caras jogavam sinuca, quatro garotos estavam discutindo se trocavam a música do Juke Box ou não.
O rapaz acendeu um cigarro, daqueles de marca vagabunda e muito forte.
- Deixa eu ver se eu entendi, Você é meu filho do futuro e está me pedindo para casar com minha namorada?
- Precisamente.
Os dois ficaram se entreolhando. A fumaça de cigarro dançava presa no ar entre o silêncio dos dois. O pai olhou o filho, não era de longe o que ele imaginaria. Cabelo cortado, mas bagunçado. Fumava brincando com um copo de cerveja. Não queria que o filho bebesse nem fumasse. E no braço, havia aquela tatuagem...
O filho, percebendo os olhos do pai retrucou.
- De onde eu venho, isso é comum...
- E se eu não fizer? Digo, e se eu não me casar?
- Então eu nunca vou existir, digo, não desse jeito.
- Digamos que você esteja falando a verdade - Ele se ajeitou na cadeira - Por que vir aqui, me pedir isso? Você está aí, já nasceu. Ou seja, eu já fiz minha escolha...
O filho olhou ao redor.
- Não é tão fácil assim, é interessante no futuro que eu não exista. Então eles decidiram resolver as coisas do jeito mais difícil. Separando você e a mãe...
- E como isso? E quem são eles?
O filho estava impaciente.
- Escuta, não tenho tempo, preciso que você seja meu pai, mesmo que você ainda não seja.
Nesse momento entra uma ruiva escultural no bar, era tão irreal quanto nos filmes e na TV, ela sentou se na mesa ao lado e, tão discretamente como uma banda rock, começou a flertar com o pai. Salto alto negro com o interior vermelho, meia calça até o meio da coxa esguia, mini saia negra, camisa chinesa vermelha com um vasto decote. Cabelos enormes como uma fogueira e óculos de aro grosso.
O sorriso emoldurado em batom rosa claro.
- Meu Deus, começou... - Disse o filho - Pai, por favor, não faça isso!
O pai, olhou o rapaz, ponderou na verdade da sua voz e na beleza da ruiva. Não conseguia pensar, era como se o cérebro estivesse fora de controle. Ela tirou o óculos e olhou em seus olhos. Era hipnótica. O pai se perguntou se a sua namorada seria como ou melhor que ela. Mas contra todas as expectativas, o pai ouviu a voz do sangue vinda do futuro. E foi neste momento de decisão que tudo virou um pesadelo.
Cinco homens com coletes a prova de balas, botas militares, máscaras de gás e armados de fuzis entraram no bar quebrando tudo. Entraram primeiro os três maiores, os outros dois ficaram na porta para dar cobertura.
- Merda merda merda!! Pai não se mova!
O filho saltou da cadeira e chutou a mesa nos três invasores. Com uma garrafa de cerveja em cada mão bateu no capacete militar dos dois, chutando o peito do terceiro. Os dois da porta começaram a atirar. O pai se joga no chão enquanto a maior parte dos fregueses é alvejada, o sangue gruda no chão e nas paredes enquanto, por sobre as mesas, o filho pula e pega o braço do soldado com as pernas prendendo o cano da arma do primeiro e atira nos outros dois, com o cabo do fuzil ele acerta o queixo descoberto do mercenário cambaleante, jogando o terceiro para trás. Quando este bate no balcão, o filho acerta um soco com força em seu pescoço e atira com o fuzil nele e nos dois da porta. Cirurgicamente na cabeça.
Tudo rápido demais, como o bater de asas de um corvo.
Mas antes de se mover, sente o cano frio na nuca.
- Peguei.
Era a ruiva. A arma não estava nas suas mãos, a arma era sua mão. Um implante tecnológico de uma metralhadora semi-automática, como uma Capitã-Gancho erotizada do futuro.
O cheiro do cigarro de cereja dela, entrou no seu nariz antes dela atirar.
Trarara-ta-ta!
Mas antes do disparo, o filho se abaixa e puxa as suas pernas, fazendo a cair com uma rajada de balas no ar.
Ela se levanta e começa a lutar com o filho. Soco após soco, chute após chute e os dois estão de pé. Impassíveis, como deuses da guerra vindos do futuro. Tiros dados, cortes feitos, balas esquivadas. Até que o filho toma um tiro no ombro e cai no chão próximo á um soldado morto, ele pega a faca de caça do soldado e arremessa. Acertando o coração de fogo da ruiva que tomba para trás.
Não sem que antes o filho pegue o cigarro de cereja no ar.
- Fuh! Essa foi tensa...
- Vo-vo-cê a...
- Não, ela já estava morta, longa história... Bom, lembre se do que você viu aqui, ensine seu filho, case-se e seja como eu sempre me lembro do senhor. Você aceita?
O pai se levantou, olhou para ele com os olhos ancestrais de que ele lembrava.
- Aceito.
- No futuro seu filho vai criar um blog, você ainda não sabe o que é isso, mas vai saber na hora certa. É um blog que vai incomodar muita gente, vai ensinar muita gente também, e vai ser diferente de tudo o que se fez, por causa disso, ele vai ser caçado. Mas se as pessoas lerem, vai valer a pena, por que serão tempos difíceis, quase não haverá mais vida inteligente na terra e as amizades serão raras. Então, ele não salvará ninguém, nem será famoso, mas será útil pelo menos.
- Posso apostar que sim.
Pai e filho se abraçam uma última vez, até o bebê nascer e começar tudo de novo. E o filho se vai, mas desta vez, estava salvo.
***
Pff que palhaçada... HEUAHEUAEHAUEHAEHAUEHAEUHAEUHAEUAHEUHUHHEAUEH
Mas eu juro pra você que foi assim que o Blog pode existir. Como ele começou é um mistério, mas se você está lendo isso, meu pai tomou a decisão certa e hoje eu posso escrever todos esses trololós absurdos pra vocês.
A culpa é dos meus pais...
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